23 de novembro de 2022

Balanço da COP27 pela TPF Engenharia

Entre os dias 6 e 18 de novembro ocorreu a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP27. Este ano o evento foi sediado em Sharm El-Sheikh, no Egito, e reuniu partes interessadas governamentais e não-partidárias. Sob a temática “juntos para a implementação”, a COP27 promoveu a colaboração com o objetivo de reduzir os impactos ambientais que aceleram as mudanças climáticas e ajudar a garantir uma transição justa para uma economia líquida em zero carbono e um futuro sustentável para todas as pessoas.

Comumente conhecida como “COP”, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática está entre as maiores reuniões internacionais do mundo e representa o principal fórum global para discussão multilateral de questões de mudanças climáticas, com uma intensa agenda, que reúne governos, o setor empresarial e representantes da academia e do terceiro setor.

As jornadas temáticas dessa Conferência, além de considerarem as prioridades a serem abordadas, colocaram em destaque o papel da juventude, da sociedade civil e dos diferentes atores, para garantir seu engajamento pleno e efetivo. Além disso, temas como cooperação regional e desafios relacionados aos países em desenvolvimento são colocados como questões transversais, propondo uma discussão sobre o Acordo de Paris que dê voz ao Sul global.

As atividades na COP são divididas em duas zonas diferentes:

  • Green zone (zona verde): destina-se ao público em geral e inclui uma série de eventos como oficinas, exposições de arte, apresentações, demonstrações de tecnologia e performances musicais.
  • Blue zone (zona azul): participam os representantes oficiais de cada Parte da UNFCCC, os representantes das Nações Unidas, organizações e órgãos relacionados, bem como os membros da mídia e das ONGs observadoras, os quais podem participar em reuniões abertas.

Outro espaço interessante é o Brazil Climate Action Hub, um importante ponto de encontro, diálogo e busca por sinergias entre membros da sociedade civil, líderes empresariais e representantes do governo brasileiro.

A COP é organizada pela UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima) e pelo país anfitrião. A presidência da COP é rotativa entre as cinco regiões reconhecidas da ONU – ou seja, África, Ásia, América Latina e Caribe, Europa Central e Oriental e Europa Ocidental. Este ano, ficou conhecia como a “COP da África”, trazendo avanços significativos para o continente, como o lançamento do African Carbon Markets Initiative (ACMI) e a Declaração Climática dos Líderes Empresariais Africanos em apoio à COP27, ancorada nos objetivos do Acordo de Paris, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e nos Dez Princípios do Pacto Global da ONU.

PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS

Mitigação

Antes de Glasgow, os países tiveram de apresentar suas metas estabelecidas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, as chamadas NDCs, conforme estabelecido no Acordo de Paris.

Adaptação e perdas e danos

O argumento é que estamos onde estamos porque uma parte do planeta se desenvolveu queimando óleo e carvão, mas quem paga o preço são os outros. Durante sua presidência do G7, a Alemanha lançou o desenvolvimento de um “Global Shield” contra os riscos climáticos, que foi unanimemente apoiado pelo G7. O escudo agrupará atividades no campo do seguro e prevenção de riscos climáticos em estreita cooperação com o V20 (uma associação de estados particularmente ameaçados pelas mudanças).

Financiamento

Os países mais vulneráveis argumentam que não há como fazer as adaptações necessárias para evitar as consequências mais graves de um clima que já está mudando. Eles querem reparação financeira pelos danos causados por séculos de emissões de CO2 do mundo desenvolvido.

Transição energética

A reviravolta no mercado global de energia causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia promete acelerar a transição para a economia de baixo carbono, mas uma das principais preocupações dos europeus é manter casas aquecidas no inverno que se aproxima. O fato de que muitos países da Europa Ocidental aceitaram um aumento na queima de combustíveis fósseis no curto prazo por causa da ameaça de desabastecimento de gás natural da Rússia é um complicador a mais.

Emissões de carbono atingem nível recorde

As emissões globais de carbono devem atingir um recorde este ano. Dados do Global Carbon Project, uma coalizão de órgãos internacionais de ciências climáticas, sugerem que os maiores aumentos vieram da Índia e dos EUA, enquanto as emissões da China caíram pela primeira vez desde 2016.

DESTAQUES

  • Em paralelo, o setor privado fez promessas para acelerar a descarbonização: das maiores companhias do agronegócio do mundo a uma aliança de instituições financeiras que administra US$ 130 trilhões, todos vieram a público afirmar seu compromisso com a neutralidade de CO2 a partir de 2050;
  • A meta de não superar 1.5ºC não é mais considerada realista;
  • Assim, a prioridade é diminuir as emissões de gases de efeito estufa;
  • A captura de carbono da atmosfera também será importante para combatermos o aquecimento;
  • Até 2030, emissões anuais de CO₂ precisam ser 22 gigatoneladas menores do que as atuais. Apenas cerca de 40% dessa meta está coberta por compromissos (duvidosos).
    Foto: Kiara Worth/Pacto Global
    Foto: Kiara Worth/Pacto Global
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